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História da Capoeira

"A capoeira é como um livro, muitos podem ler,

mas...poucos podem entender!!!"

A capoeira nasceu da vontade de libertação de um povo sofrido, mas com muito orgulho de suas origens que,   mesmo longe de sua terra natal, conseguiu, a través dos anos, preservar  seus rituais, tradições e existência cultural. 
Junto com as necessidades e conhecimentos que adquiriram na nova terra, criaram movimentos de ataque e defesa, junto à destreza que já existia dentro de sua existência. Desta forma, conseguiam aperfeiçoar seus movimentos, camuflando-os dos senhores de escravos e capatazes até o momento em que se rebelavam.

A Capoeira é de origem Brasileira ou Africana? Este é um assunto polêmico no panorama da capoeiragem. Existem correntes que afirmam ser genuinamente Brasileira, criada em torno de 1600 pelos escravos originários da Angola. A mistura bem sucedida de luta, dança e rituais diversos deram origem ao que hoje conhecemos como capoeira. 
Outros estudiosos defendem a sua origem como sendo na África; pois, existem danças semelhantes à capoeira como a Baçula, Camangula, N´golo (danças da zebras) entre outras. Mas esta simples afirmação não se torna um embasamento completo para se determinar que a capoeira é africana. O fato originário destas questões polêmica foi a incineração de todos os documentos relativos ao período da escravidão pelo então ministro das finanças Ruy Barbosa por volta de 1890.  

A questão da origem da capoeira ao que tudo indica já está resolvida. É tida como uma manifestação cultural genuinamente brasileira, apesar de suas raízes serem de origem africana. A história da capoeira se confunde com a própria origem, independente de onde ela tenha nascido, a capoeira tornou-se uma cultura difundida entre os escravos da época, tão forte que foi capaz de servir com forma de libertação. Os negros precisavam ofuscar aos olhos dos senhores de engenho de que aquilo que praticavam não era propriamente uma luta, e sim uma manifestação de dança e rituais referente a sua cultura. Para tal, uniram aos golpes, música, ginga, malícia e toda mandinga daquele povo sofredor.  

A capoeira foi de grande valia na fuga dos negros para os quilombos. Os capatazes e capitães-do-mato, na tentativa de capturá-los entravam na mata e eram surpreendidos por emboscadas dos negros capoeiristas. Além de servir com arma nas fugas, a capoeira serviu também para tentar proteger os quilombos quando os capitães-do-mato descobriam a sua localização. 
Com a assinatura da Lei Áurea pela Princesa Isabel em 1888, os negros tornaram-se livres. Porém, como é de conhecimento, isto não aconteceu na prática; este povo ainda permanecia escravizado através da falta de empregos, de oportunidades, de moradia, de mínimas condições de sobrevivência. Sendo assim, os negros marginalizados passaram a utilizar a capoeira como arma para saquear, roubar e tentar sobreviver a um sistema de discriminação. 
Os capoeiristas eram vistos como vadios e delinqüentes, desta forma, começou o processo de degradação da imagem da capoeira, sendo por vezes cultuada erroneamente até os dias de hoje.



A Vitória de uma Cultura

No Brasil a capoeira cresceu num contexto de conflito no Recôncavo Baiano, nas fazendas do Rio de Janeiro e nas serras de Pernambuco. Através da saga dos quilombos foram aprimoradas técnicas de combate, dissimuladas nas senzalas, onde, diante dos olhos do feitor, era praticada a luta em forma de dança. No dia 31 de outubro de 1821, o intendente geral da polícia da corte recebia do príncipe regente, instruções para por fim às desordens provocadas pelos capoeiras. Cabe destacar que, além de muitos elementos oriundos de classes mais pobres, muitos rapazes da alta roda da burguesia cultivavam com entusiasmo a prática da capoeira que já estava criando raízes na sociedade carioca. Em 1890, com o advento da república, teve início uma ferrenha campanha contra a prática da capoeira, levando muitos jovens da sociedade a se transformarem em marginais, já que a capoeira era tida como crime. Devido a tanta proibição foram criados códigos e estratégias de comunicação através dos toques de berimbau, como o de Cavalaria (avisando a presença da polícia), ou através do toque Amazonas ou de São Bento Grande que dava aviso de área livre. Toda esta perseguição era na verdade preconceito, racismo e luta de classes, misturados com medo e ignorância por parte daqueles que se sentiam ameaçados com o fortalecimento da cultura afro-brasileira. No entanto, em 1937, o então presidente Getúlio Vargas, revogou a lei Sampaio Ferraz, liberando a capoeiragem. Isto depois de assistir a uma apresentação de Mestre Bimba e de seus alunos. Esta apresentação deixou Getúlio Vargas muito impressionado com a beleza da arte da capoeira, dando licença a Mestre Bimba para registrar sua “escola”, tornando-se o primeiro a sistematizar o ensino da capoeira no Brasil. Mestre Bimba introduziu inovações no jogo, golpes e contra-golpes, o atabaque, o berimbau, o agogô, o reco-reco, destituindo do jogo rituais como a ladainha, por exemplo. Era a capoeira Regional. O estilo Angola resiste e permanece até hoje como a expressão primeira da capoeira. Comparações à parte, o que importa mesmo é a vitória desta cultura tão rica e tão importante que é parte maior da atual cultura brasileira.

Capoeira Angola
A Capoeira Mãe. Tenta compreender e expressar o respeito pela sua eficiência e identificar suas peculiaridades e distinções. É preciso que seja esclarecido, o que já é sabido pôr muitos, mas ignorado por outros tantos, que o jogo lento e baixo não é jogo de Angola. A Angola poderia ser definida como um estado de espirito distinto, onde o jogo é implícito, ao contrario da regional, onde ele se mostra explícito. Onde se joga mostrando uma parte e escondendo outra. E, da mesma forma que a verdadeira Capoeira Regional, se busca o respeito pelos rituais da capoeira. Por isso a capoeira Angola verdadeira é uma manifestação essencial e sempre autêntica.

Voltando ao jogo em si, os angoleiros (ressalva: os verdadeiros angoleiros, fiéis aos princípios das escolas de Angola tradicionais) nunca começam a jogar enquanto alguém estiver cantando uma ladainha, e se estiverem jogando e alguém começar a cantar uma, imediatamente retornam ao pé do berimbau e só saem quando a ladainha acabar. O princípio dessa atitude é muito simples: a ladainha é uma mensagem, muitas vezes para quem vai jogar, é um pedido de proteção, é um desafio, por isso é sagrado o dever do jogador escuta-lá antes do jogo. A angola também não tem pressa, e os angoleiros deixam o jogo fluir, evoluir, sem qualquer tensão com o tempo.

Outro equivoco muito comum que se comete é o de que Angola deve ser feita no nível de movimentação baixa, próximo ao chão, que seja sempre jogo baixo. O fato de jogar alto ou baixo é uma consequência do andamento do jogo e não regra, onde alto seja Regional e baixo seja Angola. Como a duração do jogo de Angola é maior e ela conta com toques de ritmos mais lentos – como o São Bento Pequeno e o próprio toque de Angola o jogo acaba durando mais e, com isso, fica maior a chance de se evoluir no jogo, seja jogando alto, ou jogando baixo. Seu maior cultivador foi Vicente Ferreira Pastinha Mestre Pastinha (1989). 1981).



Capoeira Regional

O jogo Regional, se caracteriza por ser jogado sob os toques da Capoeira Regional: São Bento Grande, Benguela, Iúna, segundo os princípios desenvolvidos pelo seu criador, Manoel dos Reis Machado – Mestre Bimba(1900 – 1974). Não basta ser rápido qualquer toque para que se transforme em regional o jogo. Tem regra, tem jogo específico para os toques específicos, tem fundamentos próprios. Jogo Regional pode ser de fora, como também pode ser de dentro. Pode ser alto ou baixo. Mas tem que ser marcado, sincronizado no toque do berimbau único que segura a roda e dá ritmo ao jogo. Não tem que disparar apressado que não possa mais cantar. Pode ser manhoso também. Regional tem força, garra, ritmo e muita ciência também.



Fonte: Esquivaoxossi 


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